PARA LER CARAVAGIO
Raquel Abreu-Aoki
Telas são textos carregados de sentido e podem ser interpretadas. Trazem dentro de suas molduras um recorte de uma época, contextualizando-nos no tempo e no espaço, e apontam para a motivação de seu produtor. Assim, são as obras de Michelangelo Merisi Caravaggio (1571-1610) e seus seguidores, os caravaggistas, expostas na Casa Fiat de Cultura.
Caravaggio é considerado um expoente naquilo que hoje nomeamos como Barroco. Esse gênio desafiou o seu tempo, rompendo com os preceitos renascentistas, que tinham como foco a antiguidade clássica. O polêmico artista retratou aspectos mundanos dos eventos bíblicos e atribuiu às personagens e às cenas da icnografia cristã naturalismo e expressões dramáticas. Ele utilizava como modelo, pessoas comuns das ruas de Roma, incluindo indigentes e prostitutas, comportamento que contrariou muitos de seus contemporâneos.
Uma das minhas telas preferidas, “São Jerônimo que escreve”, compõe essa mostra. Nela, Caravaggio apresenta um naturalismo fantástico no detalhe da testa franzida do santo, em seu corpo despido e na caveira sobre a mesa, representando a presença da morte que assombra a todos. Outro fator impressionante é jogo de claro-escuro, de luz e sombra, característico desse artista, para expressar o lado obscuro do ser humano, que disputa com suas virtudes.
Casa Fiat de Cultura fica na rua Jornalista Djalma Andrade, 1.250, Belvedere
Nova Lima
MG. Telefone para contato: (31) 3289.8900. A exposição acontece do dia 22 de maio ao dia 15 de julho de 2012, terça a sexta de 10h às 21h
sábado, domingo e feriados de 14h às 21h. Para mais informações, acesse http://casafiat.com.br/exposicao
Raquel Abreu-Aoki é analista do discurso, professora, apaixonada pela linguagem e suas múltiplas manifestações.
http://www.mundoela.com.br/
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